Mudanças na administração pública e as síndromes que emperram a máquina administrativa

É urgente pensarmos em estratégias de melhoria desses sinais e atacarmos as suas causas para que as mudanças na administração pública sejam, de fato, eficientes e tragam benefícios.

 

Sempre que se fala em mudança na administração pública, automaticamente as dificuldades vêm à mente. Porém, se partimos da premissa que as mudanças se situam em um ambiente no qual o dirigente, ou a direção, tem interesse em promovê-las, para se alcançar uma gestão pública moderna, e se consideramos, também, que é necessário envolver os servidores públicos de todos os níveis da organização (verdadeiros responsáveis por mantê-la em funcionamento), por que, então, as mudanças se tornam difíceis de se concretizarem?
As pessoas gostam de mudar, elas não gostam é de serem mudadas. Para implantar melhorias na dinâmica da gestão pública no país, é necessário que os servidores públicos sejam engajados, se sintam interessados e comprometidos com essas melhorias. Para tanto, não há mágica, há apenas uma regra básica: a atuação dos gestores é fundamental, sendo os embaixadores das propostas, encorajando suas equipes, mostrando o valor real a ser gerado, oferecendo suporte para que todos se sintam capacitados a operar no novo ambiente e, enfim, mostrando a importância de cada um no processo. Se o servidor entende o objetivo da mudança, consegue associar o valor que trará para si e para os cidadãos e se sente valorizado, desempenhará o seu papel.

Porém, ocorre, mais comumente do que se imagina, encontrarmos algumas síndromes que contaminam as pessoas envolvidas no funcionamento da máquina administrativa.

Uma delas é a Síndrome dos Três Macacos. Desvirtuando o significado do provérbio japonês, já nos desculpando por essa leviandade, fazemos uma adequação dos gestos dos bichinhos. O que temos, muitas vezes, são servidores que preferem fazer vista grossa e não se envolverem nos ajustes e melhorias da máquina. Ficar na zona de conforto e fazer o que lhe cabe no dia a dia, já é suficiente. Por que alterar o modus operandi ou faciendi que já se encontram enraizados na cultura da organização? Qual a razão de modificarmos a formulação das rotinas internas se as coisas sempre foram feitas dessa forma? Esse é o clássico pensamento daqueles atingidos por essa síndrome.

 


Outra síndrome é a da Hiena Hardy. Assim como o personagem de Hanna-Barbera, o servidor acometido por esse sintoma torna-se um estorvo para seus colegas que tentam promover alguma mudança e são otimistas no alcance do objetivo proposto. Hardy acredita que tudo vai dar errado e espera o fracasso. Esses distúrbios que acometem o ambiente institucional emperram o funcionamento eficiente e eficaz da máquina administrativa e impedem o aprimoramento dos procedimentos existentes. Precisamos, com urgência, pensar em estratégias de melhoria desses sinais e atacar, com meios específicos, as suas causas. Caso contrário, não há programa, projeto, ação ou atividade suficientes para racionalizar o uso do orçamento e melhorar a qualidade dos serviços públicos. E melhorar a qualidade do serviço público faz parte do projeto maior de melhorar o nosso país. Esse é um grande desafio. Deixam aqui para reflexão. O que você acha? Deixe aqui a sua opinião.

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